CONSTRUIR CONSCIÊNCIA MARÍTIMA é um Imperativo Nacional

CONSTRUIR CONSCIÊNCIA MARÍTIMA é um Imperativo Nacional.



Seria de elementar exigência que todo o cidadão português tivesse do seu País os conhecimentos mínimos
que o levassem a valorizar o Mar com algum rigor - histórico, atual e prospetivo
(Nuno Vieira Matias)



É essencial a qualquer Povo ou Nação Marítima, sobretudo no momento histórico atual, a existência de Consciência Marítima nos seus cidadãos, nos líderes das várias atividades e no seu governo.

Para Portugal tal afirmação é aplicável por maioria de razão.
Pelo seu Povo com grande tradição e memória coletiva marítima; pela sua posição geopolítica (ou mais propriamente marepolítica, como defende o prof. Marques Guedes, para designar o atual momento estratégico mundial) que constitui uma verdadeira Centralidade Atlântica, logo, Global ou Planetária; pelo desenvolvimento científico e tecnológico, assente na sua maior parte, atualmente e no futuro, sobre o oceano e os seus recursos; pela sua histórica sabedoria nas relações com os diferentes povos; e por ter sido o ator fundador da primeira globalização – a que, nos séculos XV e XVI permitiu ao mundo e aos seus povos conhecerem-se e relacionarem-se. Então, soube tornar-se um mestre de Pensamento Estratégico Marítimo Global, olhando para o mundo como um sistema de interconectivade de povos e interesses. Na atualidade importa também enfrentar com respostas conhecedoras, inteligentes e eficazes a necessidade de inverter uma realidade crua e dura, de definhamento da qualidade de vida e do bem estar dos seus cidadãos, por um lado e, por outro, da força internacional que o País tem para defender os seus interesses.

Interconetividade (rede) - palavra chave século XXI

Hoje - dizem alguns dos maiores pensadores nestas matérias - a palavra-chave da globalização e do relacionamento internacional no século XXI é, exatamente, a da interconectividade, da rede,  também ligada à concertação e cooperação alargada. Quem for capaz de criar e gerir interconexões a todos os níveis será mais competitivo e defenderá os seus interesses, pessoais, sociais, culturais, económicos, políticos e estratégicos. Como avisa o Prof. Costa Silva: A globalização está a fazer-se através do espaço digital e do mar.  As nações que vão ter sucesso no século XXI são aquelas que compreendem as novas tendências da globalização e que sabem inserir-se nas redes de conhecimento, tecnologia, comércio, energia, finanças e talento que comandam o desenvolvimento económico e geram prosperidade. Mais conectividade significa hoje mais crescimento, mais fluxos, mais redes, mais riqueza. Diga-se, de passagem, que o próprio espaço digital pode ser visto como um ciberoceano para alguns aspetos e princípios da cultura marítima.

A Consciência Marítima e a Consciência Marítima Estratégica

Num Mundo e num século virado para o Oceano em todas as suas expressões, é verdadeiro imperativo nacional a Construção de Consciência Marítima nos seus cidadãos e de Consciência Marítima Estratégica nos seus líderes das várias atividades e no seu governo.

A Consciência Marítima não se herda, genética ou socialmente (embora se apoie na Memória Estratégica coletiva), não se adquire por osmose, por meditação marinha ou por qualquer outro fenómeno de “química”, “física” ou “mística” cultural (embora cada um dos aspetos citados ajude à cultura marítima, como provam as comunidades marítimas locais, os desportos marítimos, a náutica de recreio e todo um movimento em crescendo de vivência do mar e, até, o movimento generalizado para a proximidade do mar, nem que seja só de férias e para disfrutar da proximidade marinha na sua habitação).

Quem tem Consciência Marítima pratica e promove os valores ambientais gerais e, dum modo especial os relativos ao meio marinho; exige o conhecimento e o levantamento dos recursos oceânicos, sem o qual não pode haver decisões lúcidas ou competentes sobre o próprio Oceano e os seus recursos (incluindo as que forem necessárias para a sua defesa ou conservação); promove a investigação científica no Oceano, quer na coluna de água quer nos fundos marinhos; promove a Segurança do espaço marítimo, desde o costeiro ao oceano profundo das áreas da extensão da Plataforma Continental sob controlo nacional; apoia o Desenvolvimento sustentado que permita verdadeira criação e distribuição de riqueza pelo Povo Português e, na medida da aplicação dos mesmos princípios a outros mares, pelos Povos da Humanidade em cooperação e concertação internacional; afirma uma cultura marítima portuguesa, distinta das demais e, por isso, fator de afirmação e competitividade internacionais.
Faz tudo isto e mais, sempre com uma visão holística e global, que informa, esclarece, defende e executa a partir de Portugal, da sua visão estratégica e da cultura marítima dos Portugueses.

Consciência Marítima, Literacia Oceânica e Cultura Marítima

A Literacia Oceânica - que, às vezes e erroneamente, é considerada só por si suficiente e satisfatória para quem a adquire poder decidir sobre assuntos do mar -  sendo indispensável porta de entrada para o acesso à compreensão dos assuntos do mar, é uma base para aquisição de conhecimentos mais especializados ou mais complexos, mas não chega em si para construir Consciência Marítima, embora integre esta como seu primeiro passo ou pressuposto.

A Cultura Marítima, que os portugueses conhecem historicamente e do dia-a-dia em tantos exemplos, com tantas expressões pessoais, locais e nacionais, não se confunde com a Consciência Marítima, embora aquela enriqueça e marque esta.

A Estratégia como Competência

A Consciência Marítima só se atinge com conhecimento e razão enquadrados pela Estratégia
(contendo necessariamente elementos de Memória Coletiva - muitas vezes com aspetos afetivos ou sentidos coletivamente - além do Pensamento Estratégico propriamente dito, elementos esses sempre presentes, sobretudo num povo marítimo ou com visão marítima do mundo).

É, pois, necessário trabalho, muito e lúcido, persistente e demorado e que, para ser eficaz, tem de estar assente numa Visão Holística e Global do Oceano e dos Assuntos do Mar (holística, porque engloba todas as áreas do conhecimento; global, porque relativa a todo o planeta). Visão holística e global esta que só é competente se for adquirida e usada através da Estratégia e do Pensamento Prospetivo. 

A Estratégia (e o Pensamento Prospetivo que aquela arrasta consigo e, portanto, ajuda a descobrir e desenvolver) é, pois, uma verdadeira competência autónoma e indispensável no mundo contemporâneo e nas próximas décadas.

O Forum e os Programas Blue School

O Forum Blue School congrega experiências dos seus membros com mais de 30 anos na elaboração de métodos, currículos e práticas pedagógicas e de ensino e formação junto de jovens, pelo que se encontra especialmente vocacionado e apetrechado para desempenhar esta missão de ajudar a Construir Consciência Marítima.

Os programas Blue School (ver mais), assentes sobre aquisição de literacia do oceano e sobre a vivência marítima ou com o mar, desenvolvem sobre estes eixos temáticos um terceiro eixo, agora de visão holística e global ou de introdução à cultura estratégica, competência esta que é e será cada vez mais essencial para os líderes empresariais, culturais, políticos e, dum modo geral, a qualquer cidadão, razão pela qual os jovens estudantes e os jovens profissionais são os principais destinatários, para não só compreenderem o complexo mundo atual como para poderem prosseguir estudos académicos de qualquer área e para tomarem decisões competentes na sua vida, nos seus negócios ou em representação do País.

Consciência Marítima é a qualidade de, por um lado, compreender o Valor do Oceano em todas as suas dimensões, duma forma holística (porque engloba todas as áreas de conhecimento) e global (porque relativa a todo o planeta) e, por outro,  saber usar tal compreensão para reforçar esse mesmo Valor, especialmente no desenvolvimento das dimensões ambiental, de segurança, científica, económica, cultural e social.

O Oceano é o centro definidor e promotor da afirmação e desenvolvimento das Nações Marítimas e da Civilização Marítima do séc XXI. Sê-lo-á, cada vez mais, nas próximas décadas.

Em Portugal, por maioria de razão, a aposta no Oceano e no reforço do seu Valor, em todas as suas dimensões, permite: robustecer a identidade nacional e a individualidade do País; acentuar a sua afirmação internacional; promover o desenvolvimento sustentável; desenvolver a cooperação internacional (principalmente com os membros da UE, com outras nações marítimas e, dum modo especial, com as que compõem a CPLP e com as ribeirinhas do Oceano Atlântico).

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